Valor da Perpetuidade em um Modelo de Valuation por DCF
Como vimos no post anterior sobre o Fluxo de Caixa Explícito, o modelo de DCF Valuation é dividido em dois componentes principais de projeções:
Período de Projeção Explícita;
Valor Residual ou Perpétuo.
O valor da perpetuidade refere-se ao valor presente dos fluxos de caixa que uma empresa espera gerar indefinidamente. Este conceito é fundamental no modelo DCF porque permite aos analistas incorporar uma estimativa do valor residual de uma empresa após o período de projeção explícita.
Em outras palavras, a perpetuidade captura o valor de todos os fluxos de caixa futuros além do horizonte de previsão definido.
Desta forma, após o período explícito, devemos ainda calcular qual o valor residual desta empresa, ou seja, qual o valor que a empresa terá após o período de projeção explícito. Assim, o Valuation da empresa estará completo.
Importância do Valor da Perpetuidade
O valor da perpetuidade é importante porque, em muitos casos, representa uma parte significativa do valor total calculado em um modelo DCF. Ignorar ou subestimar esse componente pode levar a uma avaliação incorreta da empresa. Além disso, ao incluir o valor da perpetuidade, os analistas podem tornar suas projeções de fluxo de caixa mais realistas, evitando que tenham que prever fluxos de caixa específicos para um período exageradamente longo no futuro.
Como Calcular o Valor da Perpetuidade
A fórmula básica para calcular o valor da perpetuidade no contexto do modelo DCF é conhecida como a fórmula de Gordon ou modelo de crescimento de Gordon:
Valor da Perpetuidade = Fluxo de Caixa do Último Período × (1 + Taxa de Crescimento) / (Taxa de Desconto - Taxa de Crescimento)
Onde:
- Fluxo de Caixa do Último Período é o fluxo de caixa projetado para o último ano do período de previsão explícita.
- Taxa de Crescimento é a taxa a que se espera que os fluxos de caixa cresçam indefinidamente.
- Taxa de Desconto é a taxa de retorno exigida ou custo de capital.
Embora o método de Gordon acima seja o mais utilizado para o cálculo do Valor Perpétuo, ele nem sempre será o método em todos os casos e cabe ao avaliador decidir qual será o melhor método a ser utilizado em cada empresa e em cada situação.
O método de Gordon prevê que a empresa atuará de forma perpétua, mas mesmo esta premissa sendo verdadeira, existem situações em que pode fazer mais sentido a avaliação por Fluxo Adicional (na qual estendemos o fluxo por mais alguns anos antes de realizar a avaliação por Gordon) ou também uma avaliação por múltiplos.
No caso de um Private Equity ou VC por exemplo, pode fazer mais sentido avaliar o fluxo explícito até determinado período e depois estimar um valor de venda total da empresa em determinado ano, pois o objetivo destes fundos não é continuar investido na empresa eternamente, mas vender sua participação em determinado ano de projeção.
Já no caso de aquisições estratégicas no qual a empresa ficará com a empresa investida eternamente, faz mais sentido utilizar Gordon em boa parte dos casos. Mas ainda assim podem haver cenários no qual seja necessária estender o fluxo por dezenas de anos, como por exemplo no caso de um ativo de minério no qual já é estimado o período em que haverá a exaustão da mina e, neste caso, não faria sentido estimar um valor perpétuo desta mina se ela possui recursos limitados conhecidos.
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Conclusão
O valor da perpetuidade é um elemento essencial no modelo de Valuation por Fluxo de Caixa Descontado (DCF). Ele permite que os analistas capturem o valor de longo prazo de uma empresa, incorporando fluxos de caixa futuros de maneira realista e sustentável. Compreender e aplicar corretamente o conceito de perpetuidade é crucial para realizar avaliações precisas e significativas de empresas e investimentos.
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